Cada vez são mais os estudos que anunciam verdadeiras revoluções e inversões de tendências no mercado da música.
A ideia predominante é a aposta no formato digital. Dizem os "estudiosos" que o álbum (conjunto de temas de um determinado artista, supostamente elaborado sob um título único que pretende demonstrar uma linha comum entre esses vários temas) é coisa do passado. Como tal, não faz sentido comprar um CD e, isso sim, ir buscar o que lhe interessa especificamente (seja por pirataria ou outro meio legal, pagando uma quantia siginificativamente menor).
Ora bem, a mim irrita-me profundamente o formato digital. Senão vejamos:
1. tenho i-pod; se tento sincronizar esta gaita num pc diferente que não o meu, tudo o que tenho inserido no aparelho vai a andar...
2. quem defende esta teoria do formato digital ainda nunca perdeu o disco do PC; recentemente tive um problema no disco do meu pc no trabalho e garanto que tinha uma boa quantidade de música que não consegui recuperar.
3. digam o que disserem, mas a qualidade de som do digital não chega aos calcanhares do outros formatos.
4. quantos formatos digitias existem? mp3, mp4, wma,... quantas vezes tentámos nós ouvir qualquer e o formato não é compatível com o software que temos!!!??? e se compro uma musica no itunes não posso pô-la a tocar num mp3 normal?
5. e as faixas escondidas? onde escondem as faixas no formato digital?
6. e os extras? tipo capa de álbum, letras, fotos, participações especiais? Deixam de existir ou são extras pelos quais teremos de pagar adicionalmente?
7. na perspectiva do modelo de negócio, também acho que é tudo muito cinzento: quais os critérios para pagar preços diferentes por faixa? pago o mesmo por uma música de 20 minutos que por outra de 2 minutos? pago pela procura (numero de downloads efectuados)?
8. e o mais essencial de tudo: eu compro um CD no pressuposto de que quem o criou quer passar uma mensagem (seja ela artistica, politica ou outra). Comprar músicas avulsas, parece-me (no minimo) desvalorizar o processo criativo dos artistas em questão...
Tenho uma amiga cujo marido diz que ela se senta num banquinho todas as noites em frente ao roupeiro para escolher a roupa do dia seguinte (sem mais comentários!). Ora eu, sempre que escolho algo para ouvir, também "perco" uns quantos minutos a olhar para as capas dos CD's que tenho nas estantes! Não me apetece perder esse hábito! Muitas vezes dou por mim a ouvir uma coisa muito antiga, que se estivesse em formato digital já teria "deletado" para poupar espaço no disco.
Até podemos concluir que o digital está a ganhar espaço. Mas o que não se lembram de dizer é que os outros formatos também vão (re)ganhando terreno. Basta ir a um espaço que comercialize música para perceber que cada vez há mais secções dedicadas ao vinil.
Para mim, o digital é um complemento aos outros formatos... apenas tem a vantagem de ser facilmente "transportável".