quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sim, sou materialista e tenho orgulho!

Cada vez são mais os estudos que anunciam verdadeiras revoluções e inversões de tendências no mercado da música.

A ideia predominante é a aposta no formato digital. Dizem os "estudiosos" que o álbum (conjunto de temas de um determinado artista, supostamente elaborado sob um título único que pretende demonstrar uma linha comum entre esses vários temas) é coisa do passado. Como tal, não faz sentido comprar um CD e, isso sim, ir buscar o que lhe interessa especificamente (seja por pirataria ou outro meio legal, pagando uma quantia siginificativamente menor).

Ora bem, a mim irrita-me profundamente o formato digital. Senão vejamos:
1. tenho i-pod; se tento sincronizar esta gaita num pc diferente que não o meu, tudo o que tenho inserido no aparelho vai a andar...
2. quem defende esta teoria do formato digital ainda nunca perdeu o disco do PC; recentemente tive um problema no disco do meu pc no trabalho e garanto que tinha uma boa quantidade de música que não consegui recuperar.
3. digam o que disserem, mas a qualidade de som do digital não chega aos calcanhares do outros formatos.
4. quantos formatos digitias existem? mp3, mp4, wma,... quantas vezes tentámos nós ouvir qualquer e o formato não é compatível com o software que temos!!!??? e se compro uma musica no itunes não posso pô-la a tocar num mp3 normal?
5. e as faixas escondidas? onde escondem as faixas no formato digital?
6. e os extras? tipo capa de álbum, letras, fotos, participações especiais? Deixam de existir ou são extras pelos quais teremos de pagar adicionalmente?
7. na perspectiva do modelo de negócio, também acho que é tudo muito cinzento: quais os critérios para pagar preços diferentes por faixa? pago o mesmo por uma música de 20 minutos que por outra de 2 minutos? pago pela procura (numero de downloads efectuados)?
8. e o mais essencial de tudo: eu compro um CD no pressuposto de que quem o criou quer passar uma mensagem (seja ela artistica, politica ou outra). Comprar músicas avulsas, parece-me (no minimo) desvalorizar o processo criativo dos artistas em questão...

Tenho uma amiga cujo marido diz que ela se senta num banquinho todas as noites em frente ao roupeiro para escolher a roupa do dia seguinte (sem mais comentários!). Ora eu, sempre que escolho algo para ouvir, também "perco" uns quantos minutos a olhar para as capas dos CD's que tenho nas estantes! Não me apetece perder esse hábito! Muitas vezes dou por mim a ouvir uma coisa muito antiga, que se estivesse em formato digital já teria "deletado" para poupar espaço no disco.

Até podemos concluir que o digital está a ganhar espaço. Mas o que não se lembram de dizer é que os outros formatos também vão (re)ganhando terreno. Basta ir a um espaço que comercialize música para perceber que cada vez há mais secções dedicadas ao vinil.

Para mim, o digital é um complemento aos outros formatos... apenas tem a vantagem de ser facilmente "transportável".

2 comentários:

Mary disse...

Ora aqui está um assunto que dá pano para mangas!
Cá em casa somos completamente adeptos do formato digital, e sei que abri e muito os meus horizontes musicais a partir do momento em que não preciso de comprar o CD. Ouve-se a música na rádio, e se quisermos temos o álbum poucos minutos depois sem sair de casa. Nunca fui compradora de CD, e agora muito menos. Este ano chegámos a comprar um CD de uma banda portuguesa e quando chegámos a casa chegámos à conclusão que não tinhamos onde o ouvir! Tivemos de o experimentar no DVD ou no portátil! Agora sempre temos CD no carro, mas mesmo assim os outros formatos são claramente os preferidos.
Gostei deste teu post porque ao contrário da opinião de outras pessoas não vens com questoes moralistas, de ah e tal e o artista tem de ganhar dinheiro. A maioria dos artistas ganha claramente mais do que eu, e assim como assim eu não iria comprar o CD. Conhecendo a banda mais facilmente compro o bilhete para o concerto. Acho que a industria discográfica tem de se adaptar ao momento, e apesar de continuar a fazer CD e agora tb albuns em vinil, não pode ignorar que o formato digital existe e os downloads gratuitos também.
O mundo mudou, e não vai mesmo voltar atrás.

Ricardo disse...

Sempre ouvi dizer que o artista ganha dinheiro nas actuações ao vivo e não na venda de CD's... A questão monetária será mais importante para a editora. Também aí há agora outra questão: cada vez mais estamos a assistir a edições de autor. Muitas são as queixas dos artistas sobre os seus direitos na comercialização e distribuição do seu material.